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SP - Litoral,12/11/2024

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    Ministra cobra apoio da sociedade para políticas de igualdade racial

    Fonte: camara.leg.br
    Ministra cobra apoio da sociedade para políticas de igualdade racial


    Renato Araújo/Câmara dos Deputados

    Seminário - Justiça Racial no Cenário Internacional: Recomendações da ONU e Desafios para o Brasil. Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco

    Anielle Franco participou de debate na Câmara dos Deputados


    A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou nesta terça-feira (5) que o combate ao racismo exige o reconhecimento da sociedade para a importância de políticas afirmativas, como as cotas no ensino superior e nos concursos públicos.


    “A construção de um país sem racismo e sem discriminação passa pela sala de aula”, disse a ministra em seminário sobre justiça racial realizado pela Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados.


    O evento analisou as recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) a partir da visita ao Brasil, em 2023, do Mecanismo Internacional de Especialistas Independentes para Promover a Justiça e a Igualdade Racial na Aplicação da Lei.


    “Os afrodescendentes continuam a enfrentar o racismo sistêmico no Brasil”, disse no seminário a especialista da ONU Tracie Keesee, que esteve no país no ano passado. “Isso exige respostas, e será uma responsabilidade de todos”, afirmou.


    Dados sobre violência policial, especialmente contra jovens pobres, chamaram a atenção dos especialistas da ONU. “Pessoas afrodescendentes têm três vezes mais chances de serem mortas pela polícia do que pessoas brancas”, concluíram.



    Renato Araujo/Câmara dos Deputados

    Seminário - Justiça Racial no Cenário Internacional: Recomendações da ONU e Desafios para o Brasil. Especialista do Mecanismo Internacional de Peritos Independentes da ONU - Mecanismo Internacional de Peritos Independentes da ONU(EMLER), Tracie Keesee.

    A especialista da ONU Tracie Keesee participou do debate


    “A violência policial e o encarceramento em massa são sintomas de um sistema que ainda enxerga corpos negros como ameaça”, disse a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS). Presidente da comissão, ela propôs o debate e dirigiu os trabalhos.


    “Não há democracia possível enquanto o racismo persiste no Brasil”, comentou a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ). Além dela, participaram do seminário os deputados Damião Feliciano (União-PB) e Gisela Simona (União-MT).


    Recomendações

    Entre outros pontos, o documento das Nações Unidas recomendou ao Brasil o uso obrigatório de câmeras corporais por policiais – proposta com esse objetivo já está em análise na Câmara (Projeto de Lei 3295/24). O relatório sugeriu ainda:



    • adotar legislação sobre uso da força que esteja em conformidade com normas internacionais de direitos humanos, particularmente com os princípios de legalidade, precaução, necessidade, proporcionalidade, responsabilidade e não-discriminação, e a obrigação de proteger e respeitar o direito à vida;

    • garantir a adequada responsabilização nos casos de uso excessivo da força e de outras violações dos direitos humanos por agentes da lei, inclusive dos superiores e comandantes e também das polícias enquanto instituições; e

    • garantir em lei o direito das vítimas a reparações, por meio de um mecanismo independente especializado, com orçamento suficiente e concebido para apoiar os indivíduos e as comunidades afetadas.


    O relatório da ONU também alertou para o respeito aos direitos dos agentes de segurança e para o cuidado com a saúde mental deles. “Em 2023, 118 policiais cometeram suicídio, aumento de 26,2% em relação ao ano anterior”, destacou.


    “É um relatório objetivo, com recomendações concretas, e espero que a gente possa pensar de maneira efetiva nesses temas”, comentou no debate o diretor do Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos Rodnei Jericó.


    Outras participações

    No seminário, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, anunciou a criação de um sistema de resposta às demandas de organismos internacionais, visando a formulação e a execução de políticas públicas.


    “Os formuladores de políticas públicas, os parlamentares e o Judiciário precisam apropriar-se das recomendações e compreendê-las como aportes significativos para avançar na promoção e proteção dos direitos humanos”, disse a ministra.


    Também compareceram ao seminário o defensor público-geral federal, Leonardo Magalhães; a representante do Ministério das Relações Exteriores Bruna Vieira de Paula; a coordenadora-geral da ONG Criola, Lúcia Xavier; a pró-reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia Maria do Carmo Rebouças; o babalorixá do Ilê Axé Omiojuarô, Adailton Moreira Costa; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Garrido.




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