Lápis de cor com vários tons de pele é novidade na educação antirracismo em Santos
Qual é a sua cor de pele? Para incrementar o ensino antirracista e ampliar o senso de autorreconhecimento, a Secretaria de Educação (Seduc) iniciou a distribuição de caixas de lápis de cor com variedades de tons de pele para as escolas municipais que atendem a classes de jardim e pré-escola. Ao todo, serão entregues 33 kits, um para cada unidade, contendo 25 caixas para uso coletivo.
A primeira entrega simbólica foi realizada na tarde desta segunda-feira (18), na UME Alcides Lobo Viana (Marapé), em data escolhida em razão das comemorações do Mês da Consciência Negra. O evento ocorreu na sala em que está montada a exposição de trabalhos realizados pelos alunos sobre a cultura africana e educação antirracista.
Para a diretora da escola, Maria Cristina Francis Lopes, a distribuição dos kits de lápis veio para somar com todas as atividades que já são realizadas ao longo do ano, em prol da uma educação antirracista e respeitando a lei federal que torna obrigatório o ensino da História da África, dos africanos, afrodescendentes e indígenas em todos os currículos de escolas públicas e privadas do País. “As ações estão inseridas do projeto político-pedagógico da escola e todas as nossas turmas realizam trabalhos sobre a temática. Cada professor atua de uma maneira, utilizando livros e outros materiais. Precisamos lutar por um mundo melhor”, acrescentou.
AUTORRECONHECIMENTO E REPRESENTATIVIDADE
Uma das professoras do pré B, Carolina e Souza destacou que as ações, incluindo as atividades que falam da cor da pele, são importantes para trabalhar o autorreconhecimento. “Temos a preocupação de falar sobre isso em nosso dia a dia em sala de aula, utilizando vários recursos e a literatura, inclusive a escola adquiriu mais alguns títulos no ano passado. As crianças percebem que existem vários tons de pele, a mãe tem uma cor, às vezes o irmão outra e essa diversidade faz a beleza do ser humano, como as flores, cada uma tem a sua cor e todas fazem a beleza do jardim”.
Ela destacou ainda que a unidade participa do Projeto de Extensão ‘Quilombagem e escola: da memória à história pública’, parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Campus Baixada Santista e a Secretaria de Educação (Seduc), em colaboração com o movimento social negro.
De acordo com a formadora da área de história da Seduc, Sandra Pereira, a entrega das caixas de lápis cor da pele tem o objetivo de colaborar para que as crianças conheçam a diversidade racial e se sintam representadas nas atividades pedagógicas, desconstruindo a ideia de que somente o rosa pode ser usado para pintar a cor da pele das pessoas. “A escolha da cor do lápis representa os primeiros passos para a autodeclaração que, de forma lúdica, será uma estratégia para que a comunidade escolar desenvolva ações para tratar a igualdade racial desde a primeira infância”.
Formadora na mesma área, a professora Adriana Negreiros afirmou que as unidades também estão recebendo sugestões de atividades para serem realizadas. “Sabemos que as escolas já realizam diversas ações, mas também resolvemos selecionar algumas ideias que possam colaborar com os docentes”.
A entrega na unidade contou com a presença da equipe gestora, professores e alunos, técnicos da Seduc e do vereador Ademir Pestana, que destinou emenda parlamentar para a compra dos kits.