Já está na hora de pensar na escola para o seu filho no ano que vem
O início escolar da criança precisa ser algo positivo, para que ela crie vínculos com a instituição onde vai permanecer boa parte da vida infantil
A primeira creche ou escola das crianças de 0 a 5 anos será uma experiência marcante na vida delas, tanto do ponto de vista psicológico como social. É por isso que a escola precisa ser divertida para que elas possam aprender brincando, na opinião das pedagogas Vivian Alboz (Lourenço Castanho) e Lívia Martins (Progresso Bilíngue).
O início escolar da criança precisa ser algo positivo, para que ela crie vínculos com a instituição onde vai permanecer boa parte da vida infantil, segundo Vívian, coordenadora pedagógica infantil da Escola Lourenço Castanho. Nessa delicada fase de formação individual, a escola tem papel decisivo na orientação e estímulos educacionais, acrescenta Lívia, orientadora educacional do Progresso Bilíngue. “As experiências vivenciadas na primeira infância influenciarão a construção de estruturas fundamentais do indivíduo”, argumenta.
Outros fatores para que as crianças possam aprender brincando é o direcionamento pedagógico e estrutural das escolas, destacam as pedagogas. Entre elas, a educação humanizada, segurança física e psicológica, contato com a natureza e alimentação saudável.
Como a primeira infância é a fase de manifestação e reforço da personalidade, cabe à escola oferecer uma proposta pedagógica que valorize as individualidades e potencialidades de cada criança. “Isso para que elas possam se desenvolver ao máximo e ser quem elas são”, disse Vivian.
“Muitas crianças passam o dia todo na escola e precisam de um ambiente de conforto, de construção de hábitos. Elas estão entendendo o mundo, então é essencial que os hábitos delas sejam construídos em casa e a escola seja uma extensão. E a estimulação das crianças é importante para que elas possam se desenvolver plenamente”, completa Vivian.
Essa estimulação tem que ser compatível com a idade das crianças e cita o uso de tecnologias como exemplo. Embora a recomendação de instituições como a Sociedade Brasileira de Pediatria, OMS e estudos sobre neurociência e educação seja de restringir ao máximo o contato com dispositivos na primeira infância, a realidade é mais complexa.
“São crianças que nasceram na tecnologia, precisam ter acesso. Mas o uso precisa ser para comunicação e criação, não para consumo, como acontece geralmente nas casas”, disse Vívian. A escola precisa se diferenciar equilibrando o uso de aparelhos tecnológicos e atividades físicas, continua. “Uma escola inovadora pode ter elementos inusitados para as crianças brincarem, como objetos não estruturados, para que elas construam, pesquisem e façam suas criações.”
Segurança física, psicológica e natureza
De acordo com Lívia, do Progresso Bilíngue, um ambiente escolar seguro e confortável é a premissa básica na primeira infância. “No aspecto físico, é essencial que a escola ofereça estrutura e mobiliário adequados para a faixa etária e uma rotina que assegure a atenção com os cuidados de higiene e alimentação.”
O espaço físico é tão importante para as crianças, que Vívian (Lourenço Castanho) considera esse fator como um segundo educador – o primeiro é o adulto. “As crianças estão em desenvolvimento físico. Então, que elas tenham um parque para correr, uma quadra para se movimentar e árvores para subir e descer. E assim elas vão conhecendo e testando seus limites corporais”, afirma.
Quanto mais elementos naturais uma escola tiver, melhor para que elas entrem em contato com o meio ambiente, continua Vívian. “Queremos que as crianças cresçam sabendo valorizar a natureza, então ter árvores e areia para elas brincarem também é positivo.”
Já a segurança psicológica tem a ver com o vínculo com os educadores, disse Lívia. Os profissionais da escola têm que ser formados nas atribuições pelas quais são responsáveis e estar preparados para identificar sinais indicativos de bem-estar e lidar com situações delicadas.
Como exemplo, uma criança que morde outra não é algo incomum, disse Vívian. “É uma forma de elas se comunicarem. Se tiver um adulto experiente por perto, ele vai confortar quem recebeu a mordida e acolher o outro, que não soube se expressar de outra forma, além de atuar para que isso se minimize.”