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SP - Litoral,20/02/2025

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    O Lixo de São Vicente

    Uma Cidade à beira do colapso urbano e social.

    Aniz
    O Lixo de São Vicente Fotos Fevereiro 2025

    Uma cidade não se mede apenas por suas belezas naturais ou por seus marcos históricos, mas pela forma como cuida de seus cidadãos e de seu espaço urbano. Em São Vicente, o berço da civilização brasileira, essa premissa parece ter sido abandonada junto com os sacos de lixo que se acumulam pelas ruas. O problema do descarte irregular de resíduos extrapolou a esfera ambiental e tornou-se um reflexo da degradação social e do descaso administrativo.


    LIXO, CRIME E OMISSÃO: QUANDO A LEI É IGNORADA PELO PODER PÚBLICO.

    O despejo irregular de lixo configura crime ambiental, conforme previsto na Lei nº 9.605/1998, podendo resultar em multas e sanções tanto para cidadãos quanto para empresas. No entanto, o que acontece quando o próprio poder público não cumpre seu papel?

    O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê punições para quem joga resíduos em vias públicas, mas e a prefeitura, que falha sistematicamente na coleta e destinação correta do lixo? A cidade tem pontos de descarte clandestino que crescem a cada dia, e a fiscalização, quando ocorre, é apenas reativa.

    A gestão municipal parece desconhecer o princípio básico da manutenção urbana: prevenir é mais barato do que remediar. O acúmulo de lixo não é apenas um problema estético; ele atrai pragas, compromete a saúde pública e acelera a degradação do espaço urbano.


    UMA QUESTÃO SOCIAL IGNORADA PELO GOVERNO MUNICIPAL

    O problema do lixo não pode ser tratado isoladamente, pois está diretamente ligado à crise social que se agrava nas ruas da cidade. A crescente população em situação de rua encontra nos resíduos uma forma precária de sobrevivência. Reviram sacos de lixo em busca de comida ou de materiais recicláveis, espalhando ainda mais os detritos e agravando o problema da poluição urbana.

    Mas culpar essas pessoas seria ignorar a verdadeira questão: a falta de um programa eficaz de acolhimento e reinserção social. Em um cenário de temperaturas que ultrapassam os 42ºC, essas pessoas vivem em condições sub-humanas, sem qualquer assistência concreta da gestão municipal.

    A prefeitura de São Vicente, que deveria liderar um programa estruturado de assistência social e reintegração, parece preferir a estratégia do "deixa como está para ver como fica". O resultado? O lixo se acumula, a população de rua cresce e a cidade afunda ainda mais no abandono.


    DO DISCURSO À REALIDADE: A POLÍTICA DO MARKETING ENGANOSO

    O atual prefeito, quando estava na oposição, era um crítico ferrenho das administrações anteriores. Apontava a falta de gestão como a raiz de todos os problemas da cidade e dizia ter soluções para tudo. No entanto, ao assumir o cargo, a retórica mudou, mas a inércia permaneceu.

    No seu segundo mandato, a gestão municipal não conseguiu implementar um plano eficaz de conservação e manutenção das vias públicas. As ruas da cidade – com exceção da orla e do centro, onde reside a elite política local – estão em estado de abandono.

    Enquanto isso, as redes sociais da prefeitura vendem uma São Vicente fictícia, onde tudo funciona e os problemas parecem mínimos. A cidade real, no entanto, se vê afogada em lixo, descaso e promessas não cumpridas.


    SOLUÇÕES EXISTEM, MAS FALTA CAPACIDADE DE GESTÃO E VONTADE POLÍTICA.

    Resolver a crise do lixo em São Vicente não exige medidas mirabolantes, mas sim um compromisso real com a gestão pública eficiente. O município precisa:

    Reforçar a coleta e a destinação adequada de resíduos, criando um plano de zeladoria contínuo para evitar o acúmulo de lixo nas ruas.

    Aumentar a fiscalização e aplicar multas rigorosas a quem descarta lixo de forma irregular, incluindo empresas e estabelecimentos comerciais que contribuem para a degradação do espaço público.

    Criar um programa de assistência social estruturado, que não apenas acolha a população de rua, mas ofereça alternativas concretas de reinserção no mercado de trabalho e moradia digna.

    Implementar um plano emergencial para a conservação das vias arteriais, garantindo que os principais corredores da cidade não sejam tomados pelo abandono.

    A responsabilidade pela limpeza da cidade é coletiva, mas cabe à prefeitura liderar esse processo com planejamento, transparência e ação. O lixo de São Vicente não é apenas um problema ambiental – é um reflexo da falência administrativa e da falta de compromisso com a população.

    O que falta agora é a pergunta que todo cidadão vicentino deve se fazer: vamos continuar tolerando essa situação ou chegou a hora de exigir mudanças reais?




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