Blitz em Santos orienta mulheres como reconhecer e denunciar sinais de violência

SAIBA COMO DENUNCIAR CASOS DE VIOLÊNCIA
Conscientização e prevenção andam sempre juntas no enfrentamento à violência contra a mulher. As vítimas precisam ser despertadas para que possam identificar os diversos tipos de violência e conhecer os seus direitos, tendo como aliadas a segurança pública e as políticas de acolhimento e emancipação. Com esse objetivo, a Secretaria de Segurança Pública coordenou, nesta sexta-feira, véspera do Dia Internacional da Mulher, no Gonzaga, a "Blitz de Respeito", ação em parceria com a Polícia Civil.
Com 30 agentes femininas da Guarda Civil Municipal e policiais civis, a iniciativa orientou sobre como reconhecer os sinais de violência e como denunciá-la. As pessoas abordadas receberam panfleto contendo as formas de violência e os canais de denúncia disponíveis. Também ganharam laço rosa, simbolizando o incentivo ao respeito e à segurança das mulheres.
Josefina Santos elogiou a blitz. Percorrendo o calçadão da Avenida Ana Costa, disse que o conhecimento é libertador para as mulheres, vítimas de violência ou não. "Às vezes, uma mulher sofre violência e nem sabe. E, muitas vezes, vem de alguém que a mulher confia, o marido, o pai, o padrasto, por exemplo, o que torna mais difícil compreender que se trata mesmo de uma violência. E o pior é que a agressão vem camuflada, e a mulher não percebe. Só a informação pode mudar esse desconhecimento".
A moradora de Canela (RS) Suzimara Colombo Boniatti enalteceu a operação como ferramenta de informação para salvar mulheres vítimas de violência. "Cada vez mais tem que conscientizar. Sou da turma que apoia dar conhecimento para romper as agressões e respeitar os nossos direitos".
COMPROMISSO
Vice-prefeita de Santos e secretária de Educação, Audrey Kleys destacou o compromisso da Prefeitura com o enfrentamento da violência contra a mulher. "Santos cumpre todas as diretrizes da política nacional no que diz respeito à violência doméstica, ao acolhimento e ao cuidado com esta mulher que sofre algum tipo de violência. Temos a Casa Abrigo Sigiloso, a Casa de Passagem, a Casa das Anas, a Casa da Mulher. A cidade tem todas as políticas públicas já consolidadas, onde a mulher pode se sentir mais segura em procurar o serviço, porque lá ela será encaminhada para cada atendimento específico e especializado".
A secretária de Segurança Pública de Santos, Raquel Gallinati, explicou que a proposta da blitz foi alcançar mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, que sofrem silenciosamente, sem o conhecimento das ações de segurança e judiciais. A meta é agir preventivamente, evitando a violência e até casos mais graves, como o feminicídio, por meio da conscientização. "Muitas vezes, o lugar mais perigoso para uma mulher é o próprio lar, porque lá está o seu algoz, quem deveria dar proteção. Quando a gente dá a informação, indica o caminho para que não fique mais calada, sofrendo as agressões diariamente, a gente está buscando salvá-la, para que ela não acabe em uma delegacia de polícia ou numa casa abrigo, ou mesmo faça parte de programas de proteção às vítimas e testemunha".
A blitz visava sensibilizar tanto mulheres quanto homens. Para Raquel, o enfrentamento à violência é desafio de toda a sociedade. "Não é uma questão de gênero nem de minorias, mas, sim, uma pauta de todos nós, porque é uma causa, sobretudo, de direitos humanos. Precisamos dos homens, juntos às mulheres, para protegê-las da violência. Afinal, quem agride a mulher não é o homem, enquanto gênero masculino, mas quem é criminoso e covarde".
Delegada titular da Mulher de Santos, Débora Perez Lázaro afirmou que o despertar para os direitos é essencial para que a mulher possa denunciar e pedir ajuda. "Todos os instrumentos legais estão disponíveis, a Lei Maria da Penha, as delegacias, as medidas de proteção. Portanto, a gente tem que dar esse conhecimento para denunciar, quando for o caso. Porque, senão, se torna um círculo vicioso".
GUARDIÃ MARIA DA PENHA
Uma das principais iniciativas de segurança da Prefeitura é o programa Guardiã Maria da Penha, parceria com o Ministério Público. Por meio dela, agentes da Guarda Civil Municipal fazem o acompanhamento de mulheres vítimas de violência com medida protetiva. São feitas visitas nas residências dessas mulheres, sempre em duplas, sendo um guarda masculino e um feminino.
Participante do programa, a inspetora-chefe da GCM Maria Aparecida Cruz Melo contou que, diariamente, visita quatro vítimas pela manhã e mais quatro à tarde. Nesses encontros, ela reforça a necessidade de cumprimento da medida protetiva, com o distanciamento do agressor. Quando as regras impostas pela Justiça não estão sendo cumpridas, o Ministério Público é avisado para que tome as providências. "O nosso propósito é atuar e dar apoio às vítimas, para que elas possam seguir adiante após a agressão. A gente dá orientação e apresenta os serviços que a Prefeitura oferece".
TIPOS DE VIOLÊNCIA
Existem vários tipos de violência: física, psicológica, sexual, moral, patrimonial e até aquela quando há invasão da privacidade. A violência física é quando há agressões, como tapas, socos, chutes e empurrões. Já na psicológica estão presentes humilhações, ameaças, insultos e manipulação emocional.
Os casos de violência sexual são aqueles em que o ato não é consentido. A violência moral é percebida por meio de calúnia, difamação ou exposição da intimidade. Por outro lado, a patrimonial é aquela em que há controle do dinheiro, destruição de pertences e documentos. Por fim, existe a chamada de stalking, quando há perseguição obsessiva, com monitoramento, ameaças ou invasão de privacidade, causado medo e sofrimento.
SERVIÇOS
Qualquer pessoa pode fazer denúncia sobre casos de violência contra a mulher acionando os telefones 197 (Polícia Civil), 153 (Patrulha Maria da Penha), 180 (Central de Atendimento à Mulher), 181 (Disque Denúncia), 190 (Polícia Militar), e, ainda, presencialmente, na Delegacia da Mulher de Santos, que fica na Rua Assis Corrêa, 50, no Gonzaga, ou por meio eletrônico, através do e-mail delegaciaeletronica@policiacivil.sp.gov.br.
Fotos: Henrique Teixeira
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